19 de mai. de 2017

Tratamento parte II


Continuar o tratamento da depressão com seus altos e baixos, revendo os momentos e tentando descobrir saídas tem sido tão desgastante quanto era negar o problema antes de reconhecê-lo.

A perspectiva política e econômica mundial e local não ajudam muito a criação de um cenário otimista, então fica a cada dia mais delicada a situação de tentar escapar das armadilhas da falta de vontade de tudo. A vontade de mudar algo em minha vida fica disputando com as notícias absurdas de todos os dias e não se trata de se desligar das notícias. Mas ser feliz além de tudo, que coisa contraditória e complicada essa que querem de mim e de todos.

Os confrontos e dualidades humanas são ardilosos e a noção disso não te coloca em um lugar de privilégio, mas insano, fragmentado, no qual, qualquer caminho que se escolha te faz voltar ao começo e ter que escolher de novo e de novo. Cansativo ter que escolher sabendo que se volta ao início da jornada não cumulativa de resultados. 

Passei dezembro pensando em quanto eu posso fazer, quanto eu devo fazer, quanto é preciso de suor pra compensar os resultados. Passei janeiro dizendo a mim mesma para ser mais generosa com a pessoa mais importante de minha vida, eu. Em fevereiro, chegou o carnaval, as desculpas para enrolar o ano acabaram, eu adicionei uma nova camada ao processo de cura, chamada resiliência, a capacidade de se adaptar. Março me trouxe uma necessidade de comprometimento comigo e com o trabalho e isso resultou em retornos em abril, retornos diversos, financeiros e emocianais. 
Maio estou vivendo e tentando entender o que é possível ou não em minha vida, tirar um pouco da pressão por ser perfeita e responder todas as demandas no mais alto nível. Apenas focar no que é possível ser realizado, sem heroísmo ou loucura. 

Assim tenho passado esses dias entre me ver precisando de ajuda médica e essa semana em que descobri que minha psicóloga quer desistir de mim, por eu parecer teimosa e relutante em resolver as coisas. Meu médico estar querendo me drogar a cada consulta um pouco mais, muito sono, uns três grandes episódios com direito a ligações para o CVV e uma viagem pra rever a família. 

Não serão as drogas e/ou pessoas que resolverão minha bagunça. 

 
Tratamento parte II
Tratamento parte III