23 de jul. de 2014

Quem poupa o lobo, sacrifica o cordeiro

O que eu diria se você ligasse:

Hoje eu vi a frase: "Quem poupa o lobo, sacrifica o cordeiro", fiquei pensando sobre ela, pensando em cordeiros e lobos da história, em chances e chacais. Quando nada é seguro o suficiente, nada que até então era certeza se faz certo ou certeiro a gente começa a procurar os culpados, a gente carrega de cores mais fortes a própria culpa, idealizamos sentimentos, relacionamentos e sofrimentos. Estipulamos cotas de culpa para cada um dos fatores que influenciaram os rumos da vida. 
Existem essas atribuições de culpa e são justas em muitos casos, há lobos e cordeiros, há cordeiros que ficam mais próximos da cerca, dando sopa, como existem lobos descuidados e que fazem barulho e que se deixam apanhar. Mas o que existe mesmo é a vida. A vida, essa sucessão de fatos que se atropelam, sobrepõe e se encaixam. Nessas reviravoltas todas, eu nem sei mais se eu amava, se não sei o que é amar, se fui lobo ou cordeiro da história. Se carrego culpa demais, de menos, se a medida deveria me preocupar... Se me conserto ou insisto sem medo de me quebrar de novo, se me recupero de mais uma, se me recupero desta.
As dúvidas surgiram como que uma irônica provocação da vida às respostas que eu tinha formulado. Eu esqueci de me admirar com tudo, eu esqueci de me questionar e questionar você ou as suas intenções comigo, o que me fez perder o brilho do olhar talvez tenha sido o cansaço, a apatia, a falta de esperança, o costume, a própria felicidade de alcançar metas antigas e se entorpecer ao se envolver com elas, se tornar menos sensível por acostumar com a dor, se permitir ao açoite de coisas que não admitiria antes. Eram os presentes que nunca vieram, era a aceitação forçada de que não se pode mudar, era me fingir de satisfeita com a vida ao lado de alguém que não aprendeu a se dedicar, a dividir e acreditar. 
Tentar acertar não resolve as coisas, perdi os parâmetros. Ao perder o que eu tinha de bom em mim fui eu o lobo que no ressentimento tornou a vida do cordeiro infeliz, foi você o lobo que no momento certo teve sua ousadia poupada e acabou por se banquetear com meus sentimentos. 

Que bom pra você que você não liga.