29 de jul. de 2013

Não, eu não quero gavetas impecáveis, eu quero ser feliz.

Mas eu preciso encontrar um meio termo em tentar ter uma gaveta normal e querer que você tenha a gaveta impecável.

Um dos lados do perfeccionismo é essa crueldade de querer que o mundo seja como você. É reacionário, conservador e não combina em nada com minhas outras opções de vida. Procurei meios de flertar com as liberdades sem me comprometer com elas. Voltei ao mais rígido depois, mas acho que ainda não me conformei em ser conservadora. Eu me aceito, sei o que sou, mas tentar essa definição também é uma forma de tentar deixar tudo sob controle né?

Eu cometo crimes premeditados, contra mim e contra outras pessoas, eu mino a paciência e a capacidade de ação de quem está perto por me mostrar tão insatisfeita e conformista com o mundo, não faço isso percebendo. Percebo que fiz, não quer dizer também que estou abandonando o hábito muito conveniente da manipulação. Manipular é parte do cotidiano de quem quer os planos executados com margem mínima de erro. Dirigir os rumos da vida, do dia e das ações parece um mantra tão entoado como fonte de felicidade, mas eu digo que não. Dói muito, quando ficamos sozinhos. Sabemos onde passou do limite e forçou o outro a ser mais, fazemos isso achando que estamos causando um estresse positivo, se o outro foi um pouco mais é porque precisava ir, dependia que fosse. às vezes nos justificamos colocando a responsabilidade na pessoa por se deixar manipular. Às vezes, achamos que tudo a ser oferecido de volta é mera obrigação para conosco. Perfeccionistas sabem ser ingratos, mas sabem também agradar e consertar as coisas.

Eu posso não ser a astúcia nos relacionamentos interpessoais, mas sou boa leitora de pessoas e sei quem são e o que são por baixo das máscaras. Tenho radar pra gente de todo tipo, tenho protocolos de aproximação para tipos de pessoas que já me causaram algum dano. Já tive amigos dependentes químicos por exemplo, pessoas adoráveis com problemas complicados e uma carência ilimitada, dessas que vão minando seu último fôlego, ou simplesmente tipos que gostam de uma atenção especial, que eu sei dar, uma atenção às vezes humanitária, que lhe é negada em diversas circunstâncias e que eu por puro amadorismo resolvi oferecer. Aprendi a impor limites e barreiras que funcionam razoavelmente bem, umas mais permeáveis, pessoas com histórias de vida semelhantes a minha em geral são mais acolhidas que outras, empatia. Mas pessoas-problema, do tipo que eu sei que vai me causar um prejuízo muito grande, muito maior que a alegria do próprio relacionamento, essas, eu permito passar por mim. mas sem me atingir em cheio. Tiro o corpo fora mesmo, quero não ficar na frente, porque sei que tem gente que atropela sem ao menos ser dar conta.


Uma pena eu ter tido que me fechar tanto, agora estou tendo que reaprender a me abrir. Reavaliando minhas atitudes de crítica e a crueldade com que eu expunha os erros e pouco felicitava os acertos (mesmo isso não sendo uma atitude proposital, mas causal) eu sei o quanto errei com gente muito amada. O quando minei pessoas que me queriam bem, quantas barreiras eu levantei contra mim mesma?